Frente Brasil de Recuperação Energética de Resíduos

Com a finalidade de impulsionar a captação de energia a partir de rejeitos depositados em aterros sanitários, quatro importantes entidades setoriais criaram a Frente Brasil de Recuperação Energética de Resíduos (FBRER). O evento de lançamento ocorreu em junho com a participação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e mais de 400 pessoas. Na ocasião, ABCP (cimento portland), Abetre (tratamento de resíduos e efluentes), Abiogás (produção e aproveitamento do biogás) e Abrelpe (limpeza pública) assinaram o Acordo de Cooperação para Recuperação Energética de Resíduos. Nesse sentido, a iniciativa é um marco histórico para os esforços de destinação mais sustentável e ambientalmente adequada dos resíduos do Brasil. O acordo buscará, entre outras iniciativas, coordenar esforços para a remoção de barreiras regulatórias que dificultam o aproveitamento mais intenso dos resíduos. Além disso, pretende viabilizar projetos para a recuperação energética de resíduos sólidos e promover sua integração ao mercado de energias limpas e renováveis. Isso será possível com a conjugação de esforços multissetoriais, a fim de desenvolver um trabalho institucional e de estudos técnicos, com propostas conjuntas de políticas públicas para a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e das estratégias de recuperação energética dos resíduos orgânicos. Como resultado, as soluções serão colocadas em prática de maneira mais rápida e com a devida sustentabilidade ao longo do tempo.
Potencial
O investimento em aterros sanitários regionais e na recuperação energética podem eliminar desperdícios e fortalecer a economia circular, afirmou o presidente da Abetre, Luiz Gonzaga. “Com um ano de funcionamento, os aterros que substituirão esses depósitos de lixo a céu aberto estarão aptos a produzir metano. E, com as usinas de biogás, podemos ter uma produção elétrica quase dez vezes superior à atual”. Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe, afirmou que o país gera 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano. Conforme dados do panorama setorial 2018/2019, esse volume poderia gerar 14,5 gigawatts-hora por ano de eletricidade, equivalente à 3% do consumo nacional de energia elétrica. Para Alessandro Gardemann, presidente da Abiogás, o potencial de aproveitamento alcança 5 bilhões de metros cúbicos de metano por ano. O setor possui cerca de 300 megawatts (MW) de potência instalada, mas essa capacidade poderia se multiplicar se houvesse a destinação adequada dos resíduos. Entretanto, “apenas 42% do lixo urbano coletado atualmente vai para locais adequados e podem ter algum tipo de processamento. O resto é depositado em lixões, que deveriam ter acabado em 2014, se a Política Nacional de Resíduos Sólidos tivesse sido seguida à risca”. O presidente da ABCP e do SNIC, Paulo Camillo Penna, declarou que a indústria brasileira é referência internacional em emissões de CO2. Isso porque a indústria emite 12% menos que a média global do setor. Ano passado, o Roadmap Tecnológico do Cimento 2020/2050 mostrou que as fábricas procuram formas de substituir o combustível fóssil, no caso, o coque de petróleo, por combustíveis renováveis – especialmente o CDRU (Combustível Derivado de Resíduos Urbanos). Ele reafirmou ainda a importância do coprocessamento, ao promover anualmente a destinação correta de 60 milhões de pneus. "Isso equivale a 1,3 vezes o perímetro da Terra”, acrescentou.
Geração de empregos e saúde pública
De acordo com Camillo, a recuperação energética de resíduos reduz passivos ambientais, apoia a geração de empregos e contribui com a saúde pública. No caso da indústria, os resíduos podem substituir parte do combustível fóssil, que alimenta a chama dos fornos, transformando argila e calcário em clínquer (matéria-prima do cimento). “Hoje, apenas 17% da energia térmica para essa finalidade vem de fontes alternativas ao coque”, observa. “Utilizando o lixo, as companhias poderão substituir até 80% do combustível usado hoje no processo produtivo”, completou. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, considerou que o acordo de cooperação “é um passo significativo para o avanço da questão do resíduo sólido em âmbito nacional”. “Assim foi com o advento do óleo no Nordeste e agora com a substituição do coque de petróleo pelos resíduos, com o seu coprocessamento nas indústrias. Os clusters referentes a essa iniciativa são muito importantes para alavancarmos respostas concretas”, disse. Assista à live de lançamento da FBRER no Youtube. Referência: ABCP

Data publicação: 14 de outubro de 2020

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