A (re)invenção do Brise-Soleil

Em 1933, Le Corbusier entrega um de seus primeiros e mais importantes projetos, o Cité de Refuge, um edifício residencial em Paris, construído para abrigar favorecidos pelo Exército de Salvação. O edifício tinha como conceito uma fachada de pele dupla de vidro, e um sistema de condicionamento (resfriamento e calefação) intersticial que serviria como “muro neutralizante” entre o meio interno e externo, protegendo assim o interior do edifício contra perda excessiva de calor no inverno e ganho excessivo de calor no verão. Dessa forma, o “muro neutralizante” como foi chamado por Le Corbusier eliminaria a necessidade de elementos de proteção solar externa (brises-soleil) e de janelas que pudessem ser operadas pelos ocupantes.

O problema veio à tona no verão de 1934

O edifício foi construído com redução de orçamento e o muro neutralizante foi eliminado do projeto. Restou uma fachada sem a possibilidade de abertura de janelas e exposta à radiação solar intensa. No verão de 1934, o problema veio à tona: O edifício, exposto à intensa radiação solar tornou-se uma estufa e portanto inabitável.

“No verão de 1934, o problema veio à tona: O edifício, exposto à intensa radiação solar tornou-se uma estufa e portanto inabitável!”

A prefeitura de Paris apressou-se em exigir alterações de projeto para solucionar o problema. A solução era simples: permitir aberturas para ventilação natural e proteger os vidros com elementos sombreadores. E então a envoltória do edifício foi inteiramente reconfigurada seguindo esses princípios. Nessa ocasião Le Corbusier (Re) inventou o brise-soleil. E a partir daí, seus projetos passaram a contar sempre com esse elemento tão indispensável à fachadas envidraçadas. Importantes arquitetos modernistas brasileiros, no início de suas carreiras adotaram essa abordagem Corbusiana à adaptação climática de edifícios. São exemplos disso os primeiros projetos de Niemeyer e Lúcio Costa, Reidy, Rino Levi, os irmãos Roberto e tantos outros. Mais de 80 anos depois, encontramo-nos em plena ebulição do movimento por edifícios mais sustentáveis. No entanto, o brise-soleil parece ter sido relegado novamente pelos arquitetos brasileiros, deixando o controle térmico dos edifícios à cargo das ciências mecânicas. Com vista aos erros da história, buscamos em nosso processo de consultoria auxiliar o arquiteto à “re-inventar” o brise-soleil em sua arquitetura. Demonstramos o passo a passo de projeto auxiliados por moderna simulações computacionais como implementar de forma técnica e economicamente viáveis brises adaptados ao conceito arquitetônico e ao clima local, visando a concretização de um edifício verdadeiramente sustentável. O projeto da nova agência da Caixa Econômica Federal foi desenvolvido de forma a minimizar o consumo energético de ar-condicionado e proporcionar altos níveis de conforto térmico aos ocupantes. O trabalho da Ca2 envolveu dimensionamento de brises e soluções de envoltória (fachadas e cobertura) de forma a controlar ganhos solares excessivos e maximizar a iluminação natural. Cálculos geométricos e simulações computacionais foram realizados de forma a comprovar a eficácia dos sistemas de sombreamento. Acompanhe aqui em nossa página do Issuu, a construção e instalação de brises em um de nossos projetos: Agência da Caixa Econômica Federal no campus na Cidade Universitária em São Paulo. Saiba mais sobre a Ca2 Consultores Ambientais Associados clicando aqui. Por Marcelo Nudel Fonte: Ca2 Consultores Ambientais Associados

Data publicação: 25 de novembro de 2019

Canais: Construção Sustentável

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