Dicas para aumentar o desempenho da ETE

O Brasil conta com diversas estações de tratamento de esgoto espalhadas em todo o território nacional, com a finalidade de remover as cargas poluentes e devolver o efluente tratado para a natureza. Assim, há a proteção do meio ambiente, uma vez que sem o devido tratamento os corpos d'água sofreriam, certamente, um impacto com o poluente. Nesse sentido, dicas para aumentar o desempenho da ETE são válidas, a fim de melhorar ainda mais os processos. Por isso, a bióloga Ana Luiza Fávaro, diretora técnica da Acqua Expert Engenharia Ambiental, trouxe, em uma live, gravada no Youtube, quatro instruções, que contribuirão, com toda a certeza, para ampliar o desempenho da ETE.

Objetivos bem definidos

Primeiramente, toda a ETE precisa ter um objetivo muito claro e definido. Ana Luiza explica que a implementação de uma estação está ligada a uma determinada necessidade, para atender uma licença de operação ou para proteger o meio ambiente. "Com o tempo, pode ser que essa necessidade mude", avaliou. De acordo com a bióloga, se a planta tem como objetivo o reuso da água é necessário implantar outras tecnologia, como por exemplo, um tratamento terciário ou colocando um sistema de ozônio na saída. "A tecnologia a ser instalada depende da aplicação da água de reuso", explicou. Hoje em dia, há o tratamento com MBR (biorreatores de membrana), que é um sistema de lodos ativados. "Ao invés de se ter um decantador secundário, há membranas de ultrafiltração que removem todo e qualquer sólido da amostra, inclusive vírus e bactérias. A água, então, sai limpa para reuso".

KPIs

A segunda dica é a implantação de KPIs (indicadores-chave de desempenho). "É importante se ter as eficiências máximas e mínimas e os resultados de cada etapa do tratamento. Toda a equipe, passando pelo operador e pelo gestor, precisam ter o conhecimento sobre parâmetros importantes que podem danificar qualquer etapa do processo. Assim, a equipe inteira estará ciente sobre o que fazer em todas as situações", explanou Ana Luiza. Um exemplo dado por ela é que se na entrada do tratamento biológico tiver mais de 200 mg por litro de SST (sólidos suspensos totais) pode prejudicar a biota. "Esse é um parâmetro pouco medido, mas um KPI importante", acrescentou. Para a bióloga, toda ETE com tratamento biológico, independentemente do tamanho, precisa ter um laboratório interno e ter procedimentos operacionais padrões, que englobam as análises e manobras.

Análise microbiológica

Entre as dicas para aumentar o desempenho da ETE está a implantação da análise microbiológica. "Não é necessário ter equipamentos sofisticados. Podem ser equipamentos simples, mas o mais importante é saber o que analisar. Ou seja, saber o que está vendo no microscópio e corrigir o problema com a estação", destacou Ana Luiza, que é também curadora do Núcleo Temático Conservação de Recursos Hídricos da BW 2020. O grande objetivo dessa implementação é dar tempo e clareza à ETE. Ana Luiza exemplifica sua utilização: às vezes, há um problema de arraste de sólidos e a análise de SST está normal. Então, vem a dúvida de onde se encontra o problema. Contudo, se é feita a análise microbiológica, é possível saber como está o floco biológico. Há situações em que com a mesma concentração de sólidos, o floco torna-se muito leve, difuso e muito filamentosa, o que impede o lodo de decantar bem no decantador secundário. Portanto, a análise microbiológica facilita e agiliza a tomada de decisões.

Treinamento

A última dica é o treinamento. "É preciso ter uma equipe bem treinada. Como existe um turnover muito grande em nosso segmento, em algumas situações, o quadro de profissionais pode mudar em um ou dois anos. E, esses novos colaboradores precisam conhecer o objetivo da ETE e os KPIs", enfatizou Ana Luiza, que ainda ressaltou que é preciso dar atenção a esses fatores e, não apenas o treinamento de manobra, comumente feito. A avaliação final da bióloga, em outras palavras, é que antes de contratar uma empresa de treinamento e consultoria, conheça o conteúdo, existe um escopo voltado para sua ETE. "Os problemas são conhecidos, por isso é possível aprender a diagnosticar e solucionar. Entretanto, o profissional que ministrará o treinamento deve ter experiência para agregar sua vivência na atividade".

Data publicação: 09 de junho de 2020

Canais: Conservação dos Recursos Hídricos

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