Vidro e desempenho

Cada vez mais presentes nas fachadas de diversas edificações, o avanço tecnológico do vidro tem assegurado mais desempenho aos projetos. Num país tropical como o Brasil, o calor é um dos artifícios que requer atenção de arquitetos e paisagistas. Ao mesmo tempo, é uma espécie de inimigo para um material como o vidro, que possui deficiências quanto às questões térmicas. De acordo com o arquiteto e proprietário da Ca2 Consultores Ambientais AssociadosMarcelo Nudel, atualmente é possível encontrar uma gama de tecnologias de conforto solar. "Isso permite aos arquitetos uma escolha ampla de cores, de níveis de refletividade interna e externa e de níveis de transparência", analisa. No entanto nem sempre foi assim. Segundo o arquiteto Sérgio Conde Caídas, "antigamente se pensava em conforto térmico fazendo reflexão. Mas, isso deixava perceptível todas as imperfeições do vidro, além de espelhar todo o calor para alguém”. Só para ilustrar o avanço tecnológico, Marcelo afirma que um dos vidros de alto desempenho conhecidos são os que possuem a tecnologia low-e, que reduz o ganho de carga térmica e proporciona transparência e baixos níveis de refletividade. Outro modelo é o chamado vidro duplo ou vidro insulado que pode oferecer solar isolamento térmico e acústico.

“Na Austrália, por exemplo, esses vidros são muito utilizados principalmente pela grande variação de temperatura no continente em que o país está localizado”. exemplifica Marcelo.

Custos

Sem dúvida, o desempenho está ligado aos custos: se um é alto, o outro também será. O vidro insulado tem um sobrecusto se comparado ao laminado. No entanto, Marcelo explica que altos investimentos valem a pena em médio prazo, principalmente se o proprietário do edifício vai ocupá-lo.

“Nesse caso, o investimento inicial se paga. Com o tempo, será consumido menos energia e haverá influência de forma indireta na produtividade das pessoas – que estão eventualmente trabalhando.Tratando-se de um edifício comercial”, disse Marcelo.

É importante lembrar que a fachada representa uma porcentagem do total de custo da obra. Já o vidro representa uma porcentagem do custo da fachada.

Combinações possíveis

Além dos materiais de alto desempenho, os arquitetos lembram que também é possível combinar os vidros com outros materiais, criando sombreamento e consequentemente, melhorando o desempenho térmico das fachadas. Só para exemplificar a combinação de vidros com brises, de acordo com Sérgio, valoriza mais as fachadas e ameniza o calor produzido pelo sol da tarde. Além disso, outros materiais também têm sido cada vez mais combinados com os vidros em fachadas, como o granito, o ACM, o porcelanato, laminados arquitetônicos, cristalados, entre outros. “Esses materiais podem ser inseridos em um único sistema de fachada e entregues na obra praticamente acabados, restando apenas o processo de montagem”, explica Crescêncio Petrucci Júnior, da Crescêncio Petrucci Consultoria e Engenharia. Ainda de acordo com Marcelo Nudel, es­sas novidades acompanharam a realidade dos greenbuildings e as certificações ambientais.

O empreendimento comercial TEOEMP localizado no Largo da Batata, em São Paulo, por exemplo, possui uma fachada curva com vários tipos de vidros em sua composição. Entre eles estão os vidros low-e de cor prata, modelos extraclear, de tons mais claros, e cinzas azulados, combinados com shadow-box de ACM em alguns pontos, com o propósito de melhorar o controle térmico no interior da edificação. A laje em “L” é protegida por uma pele curva que forma um átrio central.

FICHA TÉCNICA

  1. Local: São Paulo
  2. Conclusão da Obra: 2015
  3. Arquitetura: Aflalo/ Gasperini Arquitetos
  4. Vidros: Glassec e Viracon

Especificação

Na hora de especificar a melhor solução, Marcelo explica que é preciso considerar qual a melhor combinação que se consegue dentro do vidro oferecido no mercado e dentro do orçamento pretendido pela obra que combinem um controle solar adequado para eficiência energética e conforto térmico.

“Os fatores principais são o desempenho térmico, o fator solar e quantidade de calor que vai entrar, a transmitância luminosa e a refletividade interna e externa, que podem afetar questões de conforto visual interno e o entorno”, pontua Marcelo.

DETALHE DA FACHADA

  1. Perfis linha EFSK 135
  2. Gametas de epdm- dureza 60 a 70 shore
  3. parafusos de aço inox sustenitico aisi 304
  4. silicone neutro alumínio x alvenaria/vidro
  5. espessuras de vidro conforme NBR 7.199
  6. montantes

Para entender se o vidro está cumprindo com tais requisitos são feitas simulações computacionais de energia, de conforto térmico e de luz natural.

Esse processo indica qual é a melhor composição das várias opções de sistemas a serem adotados na obra, tais como ar-condicionado, iluminação, eficiência da fachada, entre outros.

Entretanto, muitas vezes existem conflitos entre desejo estético para o projeto e as questões técnicas envolvidas na escolha do vidro, conforme relata Crescêncio. “Um exemplo claro é que muitos arquitetos desejam vidros com alta transparência, porém fatores que condicionam o desempenho em relação ao controle térmico e ofuscamento dos ocupantes não podem ser desprezados na escolha do vidro e essas características muitas vezes são antagônicas.”

Contratar uma consultoria especializada em desempenho de fachadas auxilia tanto na especificação do vidro quanto de sua estrutura.

Fonte: Ca2 Consultores Ambientais Associados

Data publicação: 03 de fevereiro de 2020

Canais: Construção Sustentável

  • Compartilhar

Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP

Telefone (11) 3662-4159

© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade